Estudo ainda revela: 46% dos respondentes apontam que não recebem apoio integral de seus contratantes para o período de férias
As férias representam um dos momentos mais aguardados pelos trabalhadores, direito que, no Brasil, se adquire após um ano de trabalho formal sob o regime CLT. Esse período de descanso é essencial para recarregar as energias; é tão importante quanto o trabalho em si, pois auxilia na saúde mental, aliviando o estresse e o cansaço físico e emocional. Apesar disso, alguns obstáculos profissionais fazem com que esse período não seja tão tranquilo quanto o esperado.
Para entender melhor essas dificuldades, a plataforma de currículos online Onlinecurriculo realizou uma pesquisa com 500 brasileiros de todas as regiões do país, investigando quais são suas principais dúvidas e desafios. Os resultados mostram que as maiores complicações estão tanto na escolha das datas quanto no retorno às atividades cotidianas.
Para 42% dos entrevistados, a principal dificuldade é retomar o ritmo de trabalho após as férias. Diante disso, o incentivo à reintegração gradual se mostra fundamental para que produtividade e concentração sejam restabelecidas de forma natural. Outro ponto de estresse é o planejamento do período de férias junto aos superiores: para 32% dos brasileiros, negociar com chefes e colegas sobre data e duração do descanso é a segunda maior dificuldade.
Além das complicações com o início e o fim do período de férias, o afastamento das responsabilidades profissionais também traz outra preocupação. Segundo 27% dos participantes, a sensação de que o trabalho se acumula enquanto estão fora representa uma dificuldade adicional. Um sentimento que pode estar atrelado ao medo de se desligar e se conectar a outras atividades, se não o trabalho. Outras respostas que vão na mesma direção da preocupação com compromissos profissionais contabilizam 26% dos resultados, como: estar alheio a comunicações e mudanças e interromper projetos no meio do caminho e impactar metas ou prazos.
Para a especialista em carreiras da Onlinecurrículo, Amanda Augustine, as dificuldades profissionais durante as férias podem refletir a mentalidade do empregador e de questões internas do próprio colaborador.“Essas complicações podem estar ligadas, principalmente, à cultura da empresa, que deve se atentar a equilibrar produtividade e bem-estar. Quando as diretrizes empresariais não priorizam o descanso adequado e a saúde mental, os funcionários podem sentir-se pressionados a manter um nível de engajamento excessivo”, afirma.
“Outro fator é o componente interno, no qual o próprio colaborador pode ter dificuldades em se desconectar por completo – deve ser abordado com maior apoio da empresa. Estratégias de incentivo à desconexão total são fundamentais para que o trabalhador possa realmente aproveitar seu tempo de descanso e retornar revigorado”, completa.
Um ponto extremamente relevante e que tomou destaque nos últimos dias é a proposta de emenda à Constituição (PEC), de escala de trabalho 6×1, que reduz a jornada máxima de 44 para 36 horas semanais de autoria da deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP). O texto indica que a redução da jornada de trabalho visa promover uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores brasileiros. A medida também busca impulsionar a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores, além de promover um equilíbrio mais saudável entre vida profissional e pessoal. Estudos mostram que jornadas de trabalho mais curtas podem levar a um aumento na eficiência e à redução de problemas de saúde relacionados ao estresse e à exaustão.
Além disso, a proposta tem o potencial de gerar mais empregos, uma vez que a necessidade de completar as horas de trabalho poderia resultar na contratação de novos funcionários. A deputada acredita que a flexibilização da jornada é um passo importante para um modelo econômico mais justo e sustentável, promovendo a inclusão social e a valorização do trabalhador.
Aquela conversa
A conversa sobre férias com os superiores é inevitável, e é nesse momento que muitos brasileiros percebem o nível de apoio que terão para aproveitar o período de descanso. Embora 53% dos trabalhadores indiquem incentivo e apoio das empresas para a retirada de férias, 46% afirmam que esse apoio é parcial ou inexistente. Os respondentes relatam que enfrentam pressão para permanecer disponíveis, inflexibilidade na escolha das datas ou até desincentivo ao uso integral das férias; o que reflete uma baixa adesão ao descanso dos trabalhadores — um período cada vez mais valorizado para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Organização financeira durante as férias
Para custear algumas formas de desfrutar o tempo fora do escritório e longe das telas do computador, muitos trabalhadores lidam com as despesas utilizando recursos financeiros variados. Para além de economizar antecipadamente, 18% dos respondentes escolhem utilizar o 13º salário para administrar as finanças pessoais durante o período, visto que esse benefício é geralmente pago ao final do ano – época que coincide com a temporada de férias.
No entanto, 16% dos entrevistados preferem subsidiar a folga com o adiantamento salarial disponibilizado pela empresa. Na sequência, surgem a venda de parte das férias (13%) e o pagamento por meio de empréstimos e cartão de crédito (9%).
A plataforma de vaquinhas online Abacashi oferece uma solução prática e colaborativa para aqueles que buscam apoio financeiro no retorno das férias. Após um período de descanso e diversão, muitas vezes surge a necessidade de ajustar o orçamento para lidar com as despesas acumuladas. A vaquinha online é uma forma inovadora de reunir amigos, familiares e até desconhecidos em uma rede de solidariedade, permitindo que todos contribuam com pequenas quantias que, somadas, podem fazer uma grande diferença. Além de ser fácil de usar, o Abacashi possibilita o compartilhamento da campanha em redes sociais, aumentando o alcance e a chance de sucesso na arrecadação. Assim, é possível encarar o retorno à rotina com mais tranquilidade e menos preocupações financeiras. Confira como é fácil e seguro criar a sua campanha no Abacashi.
Dúvidas sobre a legislação trabalhista
Embora algumas formas de planejamento orçamentário estejam claras para o colaborador, quando o assunto são as Leis Trabalhistas, restam algumas incertezas. De acordo com 41% dos brasileiros, a principal dúvida sobre férias em relação às leis que regem o vínculo empregatício estão no pagamento e nos benefícios financeiros. O que é abono de férias, quando receber o adiantamento e qual o valor que será enviado podem estar na lista de perguntas dos colaboradores. Inclusive, a venda de férias é um dos tópicos que ainda não estão totalmente explicados, segundo os brasileiros.
É possível vender uma parte das férias e quantos dias de férias posso vender? Prováveis dúvidas que afetam a organização de recursos para o descanso remunerado, de acordo com 36% dos participantes. Por sua vez, 25% têm dificuldades no entendimento sobre a escolha e duração do período de férias. Conforme a legislação trabalhista, a definição da data está incumbida à própria empresa e deve ser avisada previamente, com 30 dias de antecedência ao funcionário.
Trabalhar durante o período de repouso também é uma questão, para 23% dos brasileiros. É possível que o trabalhador goze de férias de uma empresa enquanto trabalhe para outra, se mantiver regularmente mais de um emprego – caso não, o colaborador pode sofrer punições. No ranking, outros tópicos levantam dúvidas, como: saúde e bem-estar durante as férias (16%), cancelamento ou adiamento (14%) e demissão (12%).
“As incertezas que acompanham o período de repouso do trabalhador não só atrapalham a organização de recursos do funcionário, como também geram certo estresse, comprometendo o descanso adequado. É importante que a comunicação entre empregador e empregado seja clara e efetiva, para que ruídos não se tornem recorrentes”, conclui Augustine, especialista em carreiras na Onlinecurriculo.
Metodologia
Entre os dias 18 e 23 de outubro de 2024, a Onlinecurriculo ouviu 500 pessoas de diversos segmentos produtivos, faixas etárias, classes sociais e regiões do país. Mulheres e homens foram entrevistados individualmente, respondendo às perguntas por meio de questionário estruturado em formato online.
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